TOMEM LÁ 6 MIL MILHÕES E CONTINUEM ESCRAVOS

O Governo de Itália apresentou um plano de cerca de 6 mil milhões de dólares para apoiar o desenvolvimento africano durante o dia da cimeira Itália-África em Roma. O Presidente do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento, Akinwumi Adesina, juntou-se a 25 líderes africanos e funcionários da União Europeia na cimeira.

A cimeira, que teve lugar numa altura em que a Itália assume a presidência do G7, este mês, e algumas semanas antes da 37ª Assembleia Ordinária da União Africana, em Adis Abeba, foi um encontro em que a primeira-ministra italiana, Georgia Meloni, apelou a uma nova parceria italiana com África.

Georgia Meloni afirmou: “Acreditamos que é possível vislumbrar e escrever um novo capítulo na história das nossas relações, uma cooperação entre iguais, longe de qualquer imposição predatória ou atitude caritativa em relação a África. Existe uma inclinação natural para que a Itália seja uma ponte entre a África e a Europa. O mundo inteiro não pode pensar no futuro sem África”.

A líder italiana anunciou várias iniciativas destinadas a reforçar os laços económicos e a criar um polo energético para a Europa, reduzindo simultaneamente a emigração africana para a Europa. Estas iniciativas incluem um compromisso inicial de 5,5 mil milhões de euros (5,95 mil milhões de dólares), incluindo garantias.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki, congratulou-se com o apoio prometido, embora tenha salientado que teria sido desejável uma consulta prévia ao continente africano, em especial quando o Plano Mattei estava a ser elaborado. No entanto, afirmou que o plano está em conformidade com as prioridades de África.

Falando numa sessão sobre cooperação económica e de infra-estruturas, Akinwumi Adesina destacou o papel fundamental do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento no apoio aos países africanos. O presidente afirmou que a trajectória económica de África é convincente. “Com uma população de 1,4 mil milhões de habitantes, a maior população jovem do mundo, as maiores fontes de energia renovável do mundo, os maiores depósitos de minerais e metais críticos a nível mundial e a maior percentagem de terras aráveis não cultivadas do mundo, África irá determinar o futuro do mundo”, afirmou Akinwumi Adesina.

O líder do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento sublinhou a resiliência económica de África, observando que, apesar dos ventos contrários económicos globais, das alterações climáticas, conflitos e uma pandemia de saúde, o continente manteve-se forte, com um crescimento real do Produto Interno Bruto de 4,1% em 2022, superior à média global de 3,5% para o mesmo período.

Para fazer face a um desafio fundamental para o desenvolvimento acelerado de África, nomeadamente um grande défice de financiamento de infra-estruturas de cerca de 68 a 108 mil milhões de dólares por ano, Akinwumi Adesina informou os líderes de que o Banco Africano de Desenvolvimento investiu 44 mil milhões de dólares em infra-estruturas nos últimos sete anos, para o desenvolvimento de portos, caminhos-de-ferro, corredores de transporte, energia e infra-estruturas digitais.

O líder do Grupo Banco elogiou o governo italiano pelo Mecanismo de Financiamento do Processo de Roma, que disponibilizará 100 milhões de euros (90% dos quais em condições concessionais) para apoiar as infra-estruturas em África, especialmente as energias renováveis, os projectos de eficiência energética, a água e o saneamento e as iniciativas agrícolas, bem como a formação profissional e a criação de emprego. Saudou o “Plano Mattei para África”, da Itália, reconhecendo que deu prioridade à segurança energética.

Akinwumi Adesina abordou o desafio da migração ilegal dos países africanos, salientando que era fundamental continuar a apoiar o crescimento económico e o desenvolvimento das nações africanas, reduzir a fragilidade e criar resiliência.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou a uma frente unida para combater os traficantes de seres humanos. “A melhor maneira de o fazer é unir forças e reprimir os criminosos e, paralelamente, criar alternativas às rotas de tráfico mortais”, afirmou.

A Presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que “quando África prospera, a Europa prospera e o mundo inteiro pode prosperar”.

Os líderes africanos que intervieram na cimeira foram os presidentes da União Africana, das Comores, Azali Assoumani, do Senegal, Macky Sall, do Gana, Nana Akufo-Addo, do Quénia, William Ruto, da República do Congo, Denis Sassou-Nguesso, e da Somália, Hassan Sheikh Mohamud. Outros intervenientes foram os presidentes Emmerson Mnangagwa do Zimbabué, do Kais Saied, da Tunísia, Filipe Nyusi, de Moçambique, Isaías Afwerki, da Eritreia, o primeiro-ministro Abiy Ahmed, da Etiópia, e o primeiro-ministro Ulisses Correa e Silva, de Cabo Verde.

Outras figuras proeminentes incluíram a Secretária-Geral Adjunta da ONU, Amina Mohammed, e o Presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

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